domingo, 17 de agosto de 2008

Você está sentindo?

Algumas frases podem soar como a mais pura verdade se forem temperadas com dois ingredientes especiais: convicção e oportunismo. Se alguém está muito convicto sobre alguma coisa, é muito provável que consiga convencer mais alguém sobre a sua idéia. Quer ser aceito naquilo que fala? Fale a alguém predisposto a te ouvir. Por exemplo, se alguém passa por dificuldades financeiras, fale a ela como ela pode ganhar dinheiro fácil; se ela foi injustiçada, diga-lhe sobre seus direitos; resumidamente, diga ao povo o que ele quer ouvir, e você sempre será aceito.

Há, porém, um enorme perigo aqui! Nós devemos ser instrumentos de Deus, e eu como músico sei muito bem, que instrumento nenhum tem vontade própria e executa a música que bem entender. Somos apenas instrumentos! Mas, esse assunto fica para outro dia.

Hoje quero falar sobre outro assunto. Em vários programas "populares" da TV - aqueles típicos programas de auditório - psicólogos e artistas querendo ser conselheiros ensinam aos telespectadores: "faça aquilo que você realmente deseja; siga seu coração"! Ok, um programa qualquer de TV diz muitas coisas erradas, mas e quando esses ensinamentos entram na igreja?

Quem já não ouviu palavras que incentivam agir quando sentir isso ou aquilo? "Se você sentir em seu coração, faça!", "você está sentindo algo agora?". Não estou fazendo contra-apologia aos sentimentos do coração. Mas, se basear em emoções é um grande risco.

O profeta Jeremias disse em seu livro "Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?" (Jeremias 17.9). Como posso basear minhas atitudes e minhas convicções naquilo que tenho de mais enganoso (o coração)?

Sempre fico desconfiado quando alguém em seu discurso começa a usar elementos emocionais. Emocional e racional vivem em luta; é difícil equilibrar os dois, principalmente se de propósito um dos dois for mais estimulado que o outro por aquilo que se ouve.

Devemos ter cuidado, assim como advertiu o profeta Oséias: "O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento" (Oséias 4.6). Mas, o mesmo profeta deu a receita do remédio, "Então conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor" (Oséias 6.3).

Se alguém perguntar: "você está sentindo?", responda, "não, eu estou pensando!". O evangelho é baseado em fé; sobre a racionalidade, o apóstolo Paulo escreveu: "Rogo-vos, pois irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional" (Romanos 12.1).

Eu também nunca havia pensado sobre isso, até ler o livro "Jesus, o maior psicólogo que já existiu" escrito por Mark W. Baker. Ele conta várias histórias de pessoas que foram ao seu consultório com problemas que adquiriram porque basearam suas atitudes em seus sentimentos; "mas, eu senti que devia fazer isso" foi a frase mais repetida aquelas pessoas.

Meus irmãos, nossa fé é racional. Nossas convicções devem ser fundamentadas na palavra de Deus. Nosso coração é mais enganoso e perverso do que todas as coisas. Cuidado! Não vamos nos deixar enganar e sermos destruídos. Deus é nosso Pai e quer nos ensinar a viver em seus caminhos.

Que a Paz de Deus inunde a sua vida. Amém!

Um comentário:

Joaz Praxedes Jr. disse...

Haniel, tudo na Paz do Senhor? Gostei do post, até porque gosto muito deste assunto que vc falou. Porém, não concordo completamente.

Concordo quando vc diz que o coração do homem é enganoso. Até porque há muitos versículos que falam disso, direta ou indiretamente. Porém, o que eu entendi do seu post é que vc acha que a fé é racional. Só que a fé, na minha opinião, não é racional. O culto ser racional não implica em fé racional. Fé é fé. Não se explica. Nós fomos escolhidos por Deus (João 15:16) e essa é a única razão de termos a fé em Jesus Cristo. Se fé fosse racional, todos os teólogos seriam crentes, mas há teólogos que não crêem em Jesus.

Vc disse: “Nossas convicções devem ser fundamentadas na palavra de Deus”. Concordo, mas isso não é racionalidade, mas, sim, fé na Palavra. Veja: "Respondeu-lhe Simão: Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos, mas sob a tua palavra lançarei as redes" (Lucas 5:5). Pedro superou todas as objeções humanas, todos os argumentos racionais, e até sua própria experiência.

Também não ficou claro se vc concorda ou não com o livro “Jesus, o maior psicólogo do mundo”, mas me parece que sim. Eu, particularmente, não confio em psicologia. E acho que Jesus não utilizou essa “ciência” para com os homens. Tenho um livro que posso te emprestar: “Psicologia na igreja”. Depois a gente conversa mais sobre isso.

Fique com Deus!